Lidiane Kober
O governador André Puccinelli (PMDB) foi recebido, na tarde de sexta-feira (10), com vaias e com ovo em carreata na aldeia Moreira em Miranda, a 203 quilômetros de Campo Grande. Ele foi ao município, acompanhado do deputado estadual Antônio Carlos Arroyo (PR), reforçar a campanha à prefeitura de Marlene Bossay (PMDB).
Segundo o ex-vice cacique da aldeia, Édnio Faria, os índios, insatisfeitos com o tratamento do governo, organizaram uma manifestação para reivindicar mais atenção do Executivo estadual, o que teria irritado o governador. “Um grupo de mulheres pendurou vários sacos vazios em uma árvore, em protesto ao corte do bolsa alimentação”, relatou.
Em resposta, Puccinelli teria desferido duros ataques ao grupo de senhoras e ameaçado cortar de vez os benefícios à aldeia. “Ele falou vários palavrões”, contou Faria. Diante das palavras de baixo calão, os índios teriam se revoltado ainda mais e intensificado as vaias. “E no decorrer da carreata, passaram a tacar ovo no governador”, acrescentou.
O clima esquentou ainda mais, segundo Faria, no momento que o caminhão, que transportava Puccinelli, passou próximo do candidato a vereador e ex-cacique da aldeia, Paulino da Silva. Na ocasião, o ex-cacique teria intimado o governador a descer do veículo para falar na sua cara os “palavrões”.
Em resposta, o governador teria feito gesto obsceno, levando Paulino a arremessar outro ovo em direção a Puccinelli. “Foi quando o governador se abaixou e o ovo acertou o deputado Arroyo”, disse Faria.
Discriminados
Cacique da aldeia Moreira, Valmir Nimbu atribuiu a manifestação dos índios contra Puccinelli à maneira como o governo trata a comunidade. “Estamos sendo discriminados”, afirmou. “Nosso governador tem cortado benefícios e ameaça não atender nossa aldeia com projetos habitacionais”, emendou.
O cacique ainda lamentou a reação de Puccinelli. “Ele, como governador do Estado, não deveria reagir a uma manifestação com agressões verbais e gestos obscenos, porque se alguém o vaia é porque alguma coisa está errada”, comentou. “Nosso povo está revoltado com ele”, finalizou. Na aldeia Moreira, segundo Nimbu, residem cerca de dois mil índios.
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