A Polícia Federal deve entrar na investigação do atentado sofrido por estudantes índios que eram transportados num ônibus escolar, em Miranda, cidade distante 200 km de Campo Grande, na sexta-feira à noite.
Um desconhecido atirou uma bomba caseira contra o veículo. Cinco dos 30 passageiros ficaram machucados, um deles, o motorista, em estado grave.
O ataque ocorreu na entrada na aldeia Babaçu, num trecho escuro. Os índios disseram ter visto um homem atirando a bomba e que logo desapareceu do local. Até agora, ele não foi identificado. O atentado ocorreu no território indígena Cachoeirinha, onde vivem 6 mil índios que habitam seis aldeias.
O motorista do ônibus e os quatro alunos sofreram queimaduras no corpo.
“O autor estava escondido na mata, às margens da estrada, em atitude de emboscada, tendo se valido de uma garrafa contendo possivelmente líquido combustível, artefato caseiro este que fora arremessado contra o ônibus escolar”, informou por meio de nota o delegado da Polícia Civil em Miranda, que conduz o caso agora.
Ainda segundo o comunicado divulgado pelo delegado por meio da assessoria de imprensa da Polícia Civil “ existem informações que estão sendo checadas pelo setor de investigação, no sentido de apontar autoria e motivação do crime, contudo ainda não se tem elementos suficientes para uma confirmação, daí porque é prematuro um juízo de valor a esse respeito”.
Note aqui que o delegado afirma que a questão pode ser conduzida à Polícia Federal. “Constatada a natureza e gravidade do crime praticado e estando demonstrada a violação de direitos de comunidades indígenas, a Polícia Civil, por imperativo constitucional, remeterá ainda hoje as peças de informações existentes ao Departamento de Polícia Federal com atribuições para o caso, visando o prosseguimento das investigações, sem prejuízo de eventual auxílio da Polícia Judiciária Estadual”.
A PF entra no caso se os estudantes foram atacados por alguma razão que viole seus direitos, discriminação, por exemplo. A Polícia Civil fica na investigação se o atentado tenha sido provocado por alguma rixa entre os próprios índios, segundo informou a assessoria da Polícia Civil.
No início da investigação, especulou-se a hipótese de o ataque ter sido motivado por uma briga envolvendo moradores da aldeia Babaçu contra os habitantes da aldeia Argola. O motivo da suposta desavença, contudo, não foi revelado.
Essa linha de apuração foi descartada pelos próprios índios. Isso porque dentro do ônibus havia estudantes das duas tribos. Ainda segundo lideranças indígenas, no domingo, um chapéu que não seria de nenhum índio foi achado perto do local do ataque. O material virou uma pista, segundo os chefes indígenas.
“Testemunhas foram entrevistadas, algumas formalmente ouvidas e outras se comprometeram em prestar esclarecimentos no decorrer de hoje [segunda-feira] independente de intimação”, informou o delegado também na nota. Até o início da noite, o delegado não havia dito se tinha finalizado as audiências para os depoimentos.
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