quinta-feira, 20 de maio de 2010

Caciques indígenas da região do “Cachoeirinha” denunciam filho de ex-governador Pedrossian


Midiamax
Liziane Berrocal

Na tarde de hoje, 28 caciques reuniram-se na sede da Funai para discutir as ações em relação a expulsão de 800 indígenas que foram expulsos na segunda-feira que estavam na área da Fazenda Petrópolis, de propriedade do ex-governador Pedro Pedrossian.

A ação que reuniu 70 policiais federais e 60 PMs da Cigcoe (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais) e resultou na retirada dos indígenas gerou revolta entre as lideranças.

Segundo o cacique Juarez, da aldeia Babaçu, região do Cachoeirinha, o clima foi tenso. “Ficamos com mais medo quando o Cigcoe começou a atirar com armas e bombas, e quem começou a confusão foi o Pedro Paulo, filho do ex-governador Pedrossian. Ele estava com uma pistola e atirou junto também”, denunciou o cacique.

De acordo com Juarez, todos ficaram revoltados, pois as plantações foram destruídas e as casas demolidas. “O mais triste foi ver eles passando grade com o trator na plantação de feijão, de milho das famílias que moravam lá e passarem com a patrola em cima das casas e destruir tudo”, lamentou. Para ele, foi muita sorte não ter acontecido uma tragédia.

O cacique Paulino (23), da aldeia Moreira de Miranda, acompanhou todo o confronto e disse que a situação foi degradante para os índios. “A reação da polícia, se o delegado da Polícia Federal nos deu 15 minutos para conversarmos, o Cigcoe não esperou nem dois minutos e já começaram a atirar e jogar bombas e gás de pimenta. Uma situação horrível, com crianças correndo. Alguns caíram e se machucaram”, contou.

Paulino, que é o cacique mais jovem do Estado, disse que o sentimento ficou pior quando viram os fazendeiros queimando a placa da Funai. “Ficamos muito sentidos. Como Terena, nosso sentimento foi de dor e tristeza quando vimos os fazendeiros queimando a placa da Funai. Para nós é o mesmo que queimar uma bandeira do Brasil ou de MS”.

Paulino também denunciou os fazendeiros. “Eles estavam juntos com os policiais do Cigcoe e alguns estavam armados também. Daí denunciaram que nós tínhamos armas, se arco e flecha são armas temos que proibir os turistas de comprarem, pois é nosso artesanato e faz parte da nossa cultura”, reclamou ele.

Abaixo assinado

A reunião também serviu para que as lideranças indigenas protestassem contra a indicação de Edson Fagundes para a Funai. Segundo o documento, eles não querem “mais transtornos como a de nomeação de um cidadão sem compromisso com a questão indígena”, e agora solicitam uma audiência com o senador Delcídio do Amaral (PT).
Liziane Berrocal

Reunião

Amanhã, a partir das 13h será realizada uma reunião na sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Incra, abordando os conflitos fundiários do Estado. Foram convidados para a reunião representantes do Ministério Público Federal, Polícia Federal, Ministério da Justiça, Secretaria de Direitos Humanos, Ministério do Meio Ambiente, Polícia Militar, Incra, Ouvidoria Agrária Nacional e outros movimentos sociais. “É de muita importância que todos os envolvidos no conflito estejam presentes”, disse o cacique Juarez.

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