HISTORICO DA LINHA: A E. F. Itapura a Corumbá foi aberta a partir de 1912, entre Jupiá e Agua Clara e entre Pedro Celestino e Porto Esperança, deixando um trecho de mais de 200 km entre as duas linhas esperando para ser terminado, o que ocorreu somente em outubro de 1914. A partir daí, a linha estava completa até o rio Paraguai, ao sul de Corumbá, em Porto Esperança; somente em 1952 a cidade de Corumbá seria alcançada pelos trilhos. Logo depois da entrega da linha, em 1917, a ferrovia foi fundida com a Noroeste do Brasil, que fazia o trecho inicial no Estado de São Paulo, entre Bauru e Itapura. E em 1975, incorporada como uma divisão da RFFSA, foi finalmente privatizada sendo entregue em concessão para a Novoeste, em 1996. |
A ESTAÇÃO: A estação de Miranda foi inaugurada em 1912. Em 1914, quando se juntaram os dois trechos, um vindo de Água Clara e outro de Pedro Celestino, a estação, que já funcionava no trecho isolado, foi reinaugurada, por assim dizer. "Era tarde de domingo, e eu e meu pai ficávamos ouvindo rádio na calçada de casa. Ele sentava na cadeira de nylon e eu, na soleira da porta, deixava o locutor esportivo levar-nos o tempo. Morávamos na querida Miranda, na Avenida Afonso Pena, que é cortada pela linha férrea, numa casa velha, já demolida, à frente da passarela de pedestre. (...) Recordo-me que em nossa solidão, numa tarde, vimos passar o trem da Noroeste muito atrasado, já no escurecer, com as luzes dos vagões acesas, e as janelas refletindo os quadros da vida humana. O trem passava à uma hora da tarde, mas, naquele dia, teve um atraso incomum. Vinha apitando, diminuindo a velocidade e parando na estação que tinha o cheiro de manga, construída em 1912. (...) Na bi-centenária Miranda, na primeira hora da tarde o povo embarcava, acomodando-se na primeira ou segunda classe, em seus bancos de madeira ou estofados, aguardando o apito e o grito de partida do ferroviário. Os ferroviários, com seus uniformes e quepes, passavam picotando os bilhetes, vendendo doces e chocolates, revistas e gibis, água e refrigerante, com um sorriso espelhado no rosto. Lembro-me de Renato Araújo, o Renatão, ferroviário com uma alegria contagiante, e a vontade de viver maior que sua grande estatura - símbolo para mim da classe dos transportadores dos trilhos - que se despedia dos passageiros com um aceno de mão." (Sergio Maidana, do artigo Nos Trilhos da Noroeste, 10/2004, Campo Grande, MS) A perspectiva de reativação do Trem do Pantanal entre Campo Grande e Corumbá, a partir de 2005, pelo Governo do MS e da Brasil Ferrovias/Novoeste, fez com que o jornal O Estado de S. Paulo de 10/10/2004 publicasse uma reportagem sobre a futura volta do trem. Ali fala sobre a situação atual da estação de Miranda: "(...) chega-se a Miranda, 23 mil habitantes, com sua estação restaurada. Tanto lá como em Aquidauana, grandes áreas da zona rural das cidades avançam pelo Pantanal ." A estação, na realidade, está tombada pelo Patrimônio Histórico e no seu prédio funcionam hoje (11/2004) a Secretaria de Turismo e Meio Ambiente, a Casa do Artesão e o Museu Ferroviário. |